domingo, 7 de junho de 2009

Visual Complexity by Manuel Lima

Há já algum tempo que pretendia aqui referir a nomeação de Manuel Lima pela revista Creativity como uma das mentes mais criativas e influentes para 2009, mas toda esta demora surgiu pelo simples facto de eu querer analisar um pouco mais a fundo a sua investigação e o seu site.

Manuel Lima  é um jovem açoreano que se licenciou em Design Industrial pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e tirou um mestrado em Design e Tecnologia em Nova Iorque na Parsons School of Design. A sua pesquisa sobre a visualização de redes complexas fez com que em 2005 desse início ao site VisualComplexity.com que neste momento possui mais de 600 visualizações de dados que abordam os mais variados temas, desde redes sociais até ás redes de transportes.

Como Manuel Lima explica, nos dias de hoje a informação chega-nos nas mais diversas formas e das mais diversas fontes, no entanto, a nossa capacidade para processar toda essa informação e transformá-la em conhecimento e sabedoria não é proporcional. Com a chegada da internet, a informação chega-nos em grandes quantidades e de uma forma muito rápida, é necessário portanto torná-la perceptível para que dela se obtenham resultados.

Em uma apresentação pública que Manuel Lima efectuou em Lisboa, ele referia que a nossa capacidade de armazenamento de dados duplica a cada 18meses e de seguida ilucida-nos com uma comparação entre a Enciclopédia Francesa de 1751 e a Wikipedia (versão inglesa) de 2008. Enquanto que a primeira nos apresenta mais de 70 mil artigos e cerca de 3 mil ilustrações compilados em 35 volumes, a segunda ultrapassa claramente estes valores e apresenta-se com mais de 2 milhões de artigos e cerca de 750 mil ficheiros multimédia que poderiam ser compilados em cerca de 1300 volumes. Um factor que explica este aumento significativo é o custo que esta informação possui. A internet, e mais concretamente a blogosfera, fizeram da informação uma moeda de troca, sendo que podemos aceder ao que quisermos e quando quisermos a custo zero.

Manuel Lima acredita que a fusão de métodos de representação visual com novas técnicas de exploração interactiva poderão facilitar o acesso à informação do séc.XXI. Surge assim uma nova ciência, uma nova linguagem, uma nova forma de comunicar dados e informação, a Visualização da Informação.

No seu site, Manuel Lima possui mais de 600 visualizações de informação de todo o tipo. Ele não só catalogou todas as visualizações que surgiram da sua pesquisa como disponibilizou-as por tema, por assunto, por método de representação visual e por ano. Este site surge como um recurso muito importante para outros pesquisadores e cientistas que possuem dificuldades em tratar informação difícil e também para designers que podem assim se influenciar nos diversos métodos de representação aqui disponibilizados.

Pessoalmente eu acredito nesta nova forma de comunicar ideias e mais ainda, eu acredito na potencialidade que esta ciência possui em ajudar as restantes ciências a evoluirem. Deste modo, quero congratular o Manuel Lima pela ideia inovadora que nos apresenta e pela nomeação que obteve da revista Creativity. Deixo-vos aqui alguns dos exemplos que existem no seu site.

Conteúdos Web:

A Google através da sua ferramenta Google Analytics, permite a qualquer administrador de um site receber informações acerca da actividade existente no seu site. Aqui está um trabalho que a Instrument em colaboração com JD Hooge (Gridplane) reproduziu informações visuais acerca do número de visitantes diários que um determinado site recebia e a sua origem geográfica. Este trabalho visava fortalecer a Google Analytics e como se pode ver, a sua expressão gráfica é muito importante para a correcta análise dos dados. Desde o início do mês de Maio que eu sou utilizador do Google Analytics e fascinei-me com a quantidade de informação que recebo sobre a actividade deste blogue. Toda esta informação não só me permitiu evoluir nos assuntos que abordo neste blogue como me cativa a escrever mais e mais para aqueles que me visitam regularmente.

Vivências Familiares:

Como Arquitecto, preocupo-me com as questões de conforto que um espaço possa oferecer aos seus utilizadores e como tal entender as movimentações que determinadas pessoas possam fazer num espaço só serão benéficas para melhorar o conforto desse mesmo espaço. Nesta visualização está registada a movimentação de uma criança de 18 meses, outra de 5 anos, um adulto e um gato num espaço comum de uma habitação. Este espaço possui uma porta de entrada, uma janela para o exterior, um espaço para brinquedos, uma televisão e algum mobiliário. O interessante neste diagrama é perceber como se movimentam os 4 intervenientes durante o período de uma hora e constatar que o gato se desloca de uma fonte de calor em direcção a outra, que a criança de 5 anos se mantém ocupada a brincar ou a ver televisão, que o adulto passa a maioria do tempo a ver televisão e que a criança de 18 meses acaba por reflectir tanto o padrão do adulto como da criança de 5 anos. Isto mostra-nos claramente a dependência entre os intervenientes e os motivos pelo qual se movimentam. Este tipo de informação gráfica será sem dúvida uma ferramenta muito útil na concepção de novas edificações para novos paradigmas sociais que possam surgir no futuro.

Sem dúvida que a visualização da informação destes casos possui um efeito muito prático na minha vida.

2 comentários:

rui soares disse...

eu tb sou grd fã do google.com/analytics...mas nao csg deixar de pensar...a informaçao a que temos acesso atraves dessa aplicação...eu acho-a demasiado...demasiado...tendo em conta..a privacidade de cada utilizador...mas..nao deixo de a usar...e abismar-me com os conteudos!!!

Mário Pereira disse...

Pois é Diogo, o Manuel Lima é uma grande cientista, se assim se pode dizer, da arte da informação. Desde o tempo da faculdade que sigo o trabalho dele, devido ao meu fascínio pela infografia, que ele partilha, daí que este "prémio" não tenha sido surpresa. Agora não sabia era que tal mente era Açoriana. Só mais um a provar o que temos bons genes nos ilhéus.

Abraço